As pessoas teimam em falar no
golpe como se o mesmo tivesse sido desfechado em 31 de março. Na verdade, foi na
madrugada de 1º de abril. Como o 1º é o dia da mentira, os militares tanto
fizeram que conseguiram com que se falasse no golpe dia 31 de março, quando as
tropas de Mourão Filho estavam na estrada e muitos ainda pensavam tratar-se de
manobras normais das forças armadas.
De qualquer maneira, trata-se do
golpe militar que derrubou um governo cujo presidente foi eleito. Portanto,
quando alguns ainda falam em “revolução”, é uma falácia que deve ser
definitivamente abolida nos nossos dizeres. Foi um golpe, promovido pelos
reacionários, oportunistas e ingênuos, patrocinado pelos Estados Unidos da
América do Norte.
Juscelino Kubitschek esperava que
o golpe “limpasse a área” (leia-se: afastamento de Goulart e cassação do Brizola)
e ele, como ex-presidente, popular, fosse o principal nome ao próximo pleito
que, esperava-se ocorreria em 1965, por ocasião das eleições presidenciais.
Carlos Lacerda queria o mesmo, acreditando que, sem Jango e sem Brizola, teria chances num pleito presidencial.
Muitos outros, como Ulisses
Guimarães, apoiaram o golpe porque acreditavam, mesmo, que os militares “colocariam
ordem na casa” e voltaria a entregar o poder aos civis. Leitura errada pois,
naquele momento, os EUA tinham como lema “a América para os americanos”. Ou
seja, para eles. O quintal deles (a América Latina) não iriam seguir o exemplo
de Cuba.
Tanto que, três anos depois,
todos os líderes políticos do golpe procuraram Goulart para que este liderasse
a Frente Ampla. Contra quem? Contra a ditadura que ajudaram a implantar. O
Brasil sofreu tanto que americanizou-se. No pensamento e na ação. Faltaram
apenas cantarmos o Hino Americano nas escolas e usarmos o dólar como moeda “nacional”. Os EUA ajudaram a implantar outras ditaduras no continente.
E, em 1977, com tudo consolidado, passaram a combater as ditaduras. Ironia do destino? Não. Precisavam de mercados e os militares, assim como o seu nacionalismo, não serviam mais. As ditaduras começaram a cair pouco tempo depois. Só quem tem direito a ser nacionalista são os próprios USA.
E ainda tem gente que comemora (agora
timidamente) o golpe. Em muitos lares brasileiros serão festejados os 50 anos
do golpe. Nós, que sofremos com a ditadura e os mais jovens, porém conscientes
(sempre uma pequena minoria), farão análise crítica condenando o golpe. A quase
totalidade da população, todavia, não sabe do que se trata nem se interessa.
Triste, mas é a realidade.
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