Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







segunda-feira, 31 de março de 2014

1º de abril, dia da mentira e do golpe militar

As pessoas teimam em falar no golpe como se o mesmo tivesse sido desfechado em 31 de março. Na verdade, foi na madrugada de 1º de abril. Como o 1º é o dia da mentira, os militares tanto fizeram que conseguiram com que se falasse no golpe dia 31 de março, quando as tropas de Mourão Filho estavam na estrada e muitos ainda pensavam tratar-se de manobras normais das forças armadas.

De qualquer maneira, trata-se do golpe militar que derrubou um governo cujo presidente foi eleito. Portanto, quando alguns ainda falam em “revolução”, é uma falácia que deve ser definitivamente abolida nos nossos dizeres. Foi um golpe, promovido pelos reacionários, oportunistas e ingênuos, patrocinado pelos Estados Unidos da América do Norte.

Juscelino Kubitschek esperava que o golpe “limpasse a área” (leia-se: afastamento de Goulart e cassação do Brizola) e ele, como ex-presidente, popular, fosse o principal nome ao próximo pleito que, esperava-se ocorreria em 1965, por ocasião das eleições presidenciais. Carlos Lacerda queria o mesmo, acreditando que, sem Jango e sem Brizola,  teria chances num pleito presidencial.

Muitos outros, como Ulisses Guimarães, apoiaram o golpe porque acreditavam, mesmo, que os militares “colocariam ordem na casa” e voltaria a entregar o poder aos civis. Leitura errada pois, naquele momento, os EUA tinham como lema “a América para os americanos”. Ou seja, para eles. O quintal deles (a América Latina) não iriam seguir o exemplo de Cuba.

Tanto que, três anos depois, todos os líderes políticos do golpe procuraram Goulart para que este liderasse a Frente Ampla. Contra quem? Contra a ditadura que ajudaram a implantar. O Brasil sofreu tanto que americanizou-se. No pensamento e na ação. Faltaram apenas cantarmos o Hino Americano nas escolas e usarmos o dólar como moeda “nacional”. Os EUA ajudaram a implantar outras ditaduras no continente. 

E, em 1977, com tudo consolidado, passaram a combater as ditaduras. Ironia do destino? Não. Precisavam de mercados e os militares, assim como o seu nacionalismo, não serviam mais. As ditaduras começaram a cair pouco tempo depois. Só quem tem direito a ser nacionalista são os próprios USA. 

E ainda tem gente que comemora (agora timidamente) o golpe. Em muitos lares brasileiros serão festejados os 50 anos do golpe. Nós, que sofremos com a ditadura e os mais jovens, porém conscientes (sempre uma pequena minoria), farão análise crítica condenando o golpe. A quase totalidade da população, todavia, não sabe do que se trata nem se interessa. Triste, mas é a realidade.

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