Finalmente está no prelo, e será lançado no dia 02 de agosto, no Calçadão, o meu mais recente trabalho: São Salvador, 360 anos, um histórico sobre a festa mais antiga de Campos e uma das mais antigas do país, iniciada em 1652.
O livro é muito interessante e foi escrito juntamente com mais cinco, formando uma coleção de seis das principais festas religiosas do município, para a Fundação Oswaldo Lima, a pedido de seu então presidente Fernando Leite, nos anos de 2000/2001. O designer gráfico Sérgio Provesano teve a idéia de lançar a coleção dentro de uma caixa em formato de uma igreja. As capas seriam de Rafael Barros. Todavia, não foi possível editá-los e Fernando saiu da Fundação em 2003.
Presidi a Fundação entre 2009 e 2011, mas não poderia, é claro, lançar um livro do qual eu era o autor. Editamos 16 livros, sendo 5 com a Academia de Letras, mas não poderia editar o meu. Agora, em parceria com a Grafimar Gráfica e Editora, vou lançar, separadamente, os livros sobre as nossas principais festas. E o primeiro é sobre a principal, que é a de São Salvador. Espero que os interessados na nossa rica história compre o livro, até mesmo para eu cobrir as despesas.
Abaixo, alguns pequenos trechos para gerar curiosidade:
Sobre o 06 de agosto
Com
base em relatos dos apóstolos (do grego apóstolos
ou do latim apostolu, que significa enviado, mas que também quer dizer aquele que evangeliza; propagador de qualquer idéia ou doutrina)
Mateus, Marcos e Lucas (estes últimos não viveram na mesma época do Nazareno),
Jesus subiu com Pedro, Thiago e João ao Monte Tabor e aí se transfigurou (mudou
sua aparência, apareceu em estado glorioso, iluminado) perante eles. Teria sido
no dia 06 de agosto. Esta data passou a ter uma grande significação para os
seguidores das idéias de Cristo. A partir do século V, a transfiguração passou
a ser comemorada pelos cristãos, inicialmente de forma tímida. Só no início da
Modernidade é que a data tornou-se um símbolo considerável.
É importante registrar que o mês de
agosto foi criado pelo imperador romano
Júlio César. Ele viveu no século
anterior a Cristo (102 a
44 a .C.)
e, como imperador, no ano 46 a .C. pediu ao astrônomo
Sosígenes para rever o calendário e sugerir meios de aperfeiçoá-lo. Com base
nas idéias de Sosígenes, Júlio César ordenou aos romanos que não considerassem
a lua no cálculo de seus calendários. Dividiu o ano em 12 meses de 30 dias e 31
dias, com exceção de fevereiro, que ficou com 28/29 dias. A cada 04 anos, esse
mês teria 30 dias. O início do ano, até então, era 1º de março e Júlio César
decidiu que seria 1º de janeiro.
Em 1582 o Papa Gregório XIII, seguindo
conselho de astrônomos, corrigiu a diferença entre o ano solar e o calendário
juliano, ordenando a retirada de dez dias de outubro. Assim, o 05 de outubro de
1582 passou a ser 15 de outubro. Este mesmo Papa decretou que fevereiro teria
um dia a mais nos anos centenários que fossem divisíveis por 400 (como 1600,
2000) mas não nos outros (como 1700, 1800, 1900). Assim o calendário juliano, aperfeiçoado pelo Papa Gregório, passou a ser
conhecido como calendário gregoriano.
Sobre a Catedral, que estava caindo
O rei expediu uma ordem régia, em 21
de maio de 1722, autorizando a liberação de recursos para se fazer a capela-mor
por conta da Fazenda Real. Com a verba liberada, a igreja foi construída, tendo
140 palmos da porta principal até o arco da capela-mor, com 44 passos de
largura e, a partir da capela-mor, 58 passos de comprimento e 31 de largura. Em
1725 a
nova Matriz estava construída.
A Catedral de Monsenhor Uchôa
Sobre a praça principal
Inicialmente com a denominação
de Praça Principal, depois, Praça da Constituição, a Praça São Salvador vivia
coberta de capim e era um verdadeiro lamaçal em 1835. A Câmara recebe
proposta para colocar calçamento e arborizá-la, com alamedas compostas por
palmeiras imperiais e calçamento das ruas que a circundam. Em 1867, a Câmara aprova a
denominação de Praça São Salvador e a tão esperada reforma só veio em 1893,
quando é ajardinada com algumas palmeiras e árvores de sombra e é fechada com
gradil. As ruas laterais foram arborizadas, os passeios calçados e na Beira Rio
são plantados Flamboyants. A praça, nessa época, lembrava o Campo da Aclamação,
no Rio de Janeiro
Sobre a "Quatro Jornadas"
A Praça das Quatro Jornadas é
uma extensão da Praça São Salvador, que recebeu este nome por solicitação feita
em 1931 pelo historiador Alberto Lamego. Ele desejava homenagear as quatro
jornadas cívicas de Benta Pereira, cuja casa ficava ao lado, próximo onde
situa-se o Banco do Brasil.
Sobre a Festa do Padroeiro
Consta nos informes do Bispado e
da Catedral Diocesana, que a Festa de São Salvador começou a ser realizada em
1652 e que, portanto, ela completa, em 06 de agosto de 2012, 360 anos, a mais
antiga festa religiosa de que se tem notícia no município e uma das mais antigas
do país. A segunda seria a de Santo Amaro, que completou, em janeiro deste ano,
262 anos. Mas a importância dos festejos
de São Salvador é maior que as demais justamente porque não se comemora um
santo mas sim, o próprio Jesus Cristo, divindade máxima da Igreja Católica,
filho de Deus que o sacrificou para salvar a humanidade (na versão do
cristianismo enquanto religião instituída por Paulo e a partir de versões
extraídas dos evangelhos).
Sobre a prova ciclística
A prova ciclística de São Salvador completa, em agosto deste
ano de 2012, 68 anos. Só existiu (e existe) pelo amor, garra, determinação e
paixão pelo esporte, notadamente pelo ciclismo, do abnegado Gerardo Maria
Ferraiouli, o popular Patesko que, se não obteve fortuna, acumulou troféus,
medalhas, placas, reverência, centenas de artigos de jornais, livros
biográficos, agradecimentos, reconhecimento do poder público, o carinho do povo
e o respeito por sua coragem, sua dedicação ao esporte, seu luto permanente
pelas estúpidas guerras e sua dignidade. E teve seu nome gravado na primeira
ciclovia (e a principal até hoje) da cidade: Ciclovia Patesko, homenagem do então prefeito Anthony Garotinho que, a
despeito de admirar o esporte, não pedala.
Nenhum comentário:
Postar um comentário