Como estava previsto pelos institutos de pesquisa, Dilma Roussef acaba de ser eleita a primeira mulher presidente do país. Será seu primeiro cargo eletivo. Saiba mais sobre a sucessora de Lula, em matéria do G1:
Dilma nasceu em 14 de dezembro de 1947, em Belo Horizonte. Entrou na política ainda no antigo colegial, na oposição ao regime de exceção instaurado em 1964. Começou na Organização Revolucionária Marxista – Política Operária (Polop), movimento que, na sua origem, era uma espécie de coalizão de dissidentes, com quadros do PCB, do PSB e do trabalhismo, além de trotskistas e outros marxistas. Na Polop, ela conheceu o primeiro marido, Cláudio Galeno de Magalhães Linhares. Ao lado dele, mais tarde, optou pela luta armada e se juntou ao Comando de Libertação Nacional (Colina).
O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel conheceu Dilma nessa época e é amigo pessoal da nova presidente até hoje. “A Dilma é, e sempre foi, uma pessoa muito inteligente, acima da média. Ela tem uma bagagem cultural muito grande, lia muito desde menina, talvez por influência do pai”, conta. O pai, Pedro Rousseff (Pétar Russev, na língua materna), era um imigrante búlgaro que criou os três filhos com rigidez europeia em Minas Gerais. A mãe, Dilma Jane Silva, era professora.
Em 1970, quando já fazia parte da Vanguarda Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), Dilma Rousseff foi presa pela Operação Bandeirante e detida no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde foi torturada. Condenada pela ditadura, foi levada ao Presídio Tiradentes. Foi libertada no fim de 1972 e se mudou para Porto Alegre, terra de seu segundo marido Carlos Franklin Paixão de Araújo, com quem teve sua filha, Paula.
“Dilma teve uma experiência muito dura na prisão”, conta Pimentel. “Por isso, é uma pessoa que conhece muito bem onde estão os seus limites. Isso faz dela uma mulher muito forte”, diz o ex-prefeito.
Na capital gaúcha, ela cursou ciências contábeis na Universidade Federal do Rio Grande do Sul de 1974 a 1977. Com a volta de Leonel Brizola ao país após a Anistia, Dilma se filiou em 1980 ao recém-fundado Partido Democrático Trabalhista (PDT). Até 1985, ela trabalhou como assessora de deputados do partido na Assembleia Legislativa do estado.
“Dilma tem uma biografia política relativamente recente”, afirma o cientista político Marcelo Coutinho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Ela começa com um papel em um momento histórico muito importante para o país. Depois, se retira, passa a se dedicar mais à família e reaparece no Rio Grande do Sul, para atuar junto ao PDT”, explica.
O ex-governador do RS Alceu Collares conta sobre a atuação de Dilma nos primórdios do PDT. “Dilma estava junto com a gente desde o começo das conversas sobre o que a gente queria que fosse o movimento dos trabalhistas”, conta. “Fizemos reuniões para montar nosso plano de governo para Porto Alegre. Grande parte desses programas foi feita na casa dela”, diz ele.
Em 1987, Dilma foi secretária das Finanças da prefeitura da capital gaúcha, sob a gestão de Collares. Em 1989, virou diretora-geral da Câmara dos Vereadores. Quando Collares foi eleito governador do estado, Dilma passou ao cargo de presidente da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do RS, onde ficou de 1991 a 1993, quando virou secretária de Energia, Minas e Comunicações.
“Escolhi a Dilma para as duas secretarias porque ela sempre demonstrou muita experiência. Ela é uma mulher determinada”, afirma Collares. “Dizem que ela é brava. Não é. É determinada”, afirma.
Com o fim do mandato de Collares, a nova presidente do Brasil voltou para a FEE, até 1997. Em 1998, Olívio Dutra, do PT, foi eleito governador com o apoio do PDT de Dilma e ela voltou à Secretaria de Energia, Minas e Comunicações. Mas quando Brizola e o PDT romperam com os petistas, Dilma e outras lideranças do partido no Rio Grande do Sul optaram por deixar o PDT e se unir ao PT de Dutra.
“Ela vinha de uma linha brizolista, mas sempre teve uma ligação muito forte com o PT, então não foi uma grande surpresa”, diz Coutinho.
Dilma ficou no cargo até o fim do governo Dutra, em 2003, e participou das negociações do governo do Rio Grande do Sul com o governo federal para gestão da crise energética de 2001.
Quando Lula assumiu o governo, Dilma foi chamada para assumir o Ministério das Minas e Energia e evitar um novo apagão. “É aí que ela passa a ter um papel de fato importante”, avalia o professor da UFRJ. “Dilma teve ampla liberdade para montar sua equipe e fez um trabalho positivo”, afirma Coutinho. “No mais, é uma passagem que se destaca por uma forte lealdade ao presidente Lula, que garante que ela abra espaço no governo”.
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