(Foto:Marcio Neves/Folhapress)
Márcio Pochman, presidente do IPEA
Ao completar 52 anos neste sábado (21), Brasília continua inviável do ponto de vista econômico. De cada R$ 10 gastos para sustentar a capital da República, R$ 4 têm de sair dos bolsos de todos os brasileiros.
A cidade também tem aumentado o seu grau de desigualdade, a distância entre os mais pobres e os mais ricos, diz o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochmann. Ele falou ao "Poder e Política - Entrevista", programa do UOL e da Folha realizado no estúdio do Grupo Folha em Brasília.
Os números compilados por Pochmann mostram que Brasília é ao mesmo tempo uma cidade muito rica, mas com bolsões de subdesenvolvimento nos quais vivem os mais pobres.
Uma forma mais científica de medir desigualdade social é o Índice Gini, que considera a renda de toda a sociedade. O Índice Gini vai de 0 (menos desigualdade) a 100 (mais desigualdade).
Pois em 2005, o índice de Gini para Brasília, era de 60,34. Em 2009, já era de 61,95. No mesmo período, o índice de Gini para o Brasil todo recuou de 56,75 para 54,01. Ou seja, enquanto o Brasil melhora, Brasília anda para trás na redução da desigualdade.
Já quando se trata de números macroeconômicos no atacado, a capital da República e os seus cerca de 2,6 milhões de habitantes se destacam do restante do Brasil. O PIB per capita (Produto Interno Bruto) de Brasília é o maior do país: R$ 50.438,46. O segundo lugar fica com São Paulo, com R$ 26.202,22.
A renda domiciliar per capita de Brasília também é mais do que o dobro da média brasileira. Na capital federal, o valor é de R$ 1.326,23. No Brasil, R$ 631,71.
A internet está disseminada de maneira ampla entre os brasilienses: 53,7% das casas têm acesso à web. No Brasil, a média é de 28,1%.
Os problemas começam quando se observa a fonte dos recursos para tanta riqueza. Brasília padece do mal da "esatdodependência" de forma aguda. Não produz receita própria. Criada entre outras razões para trazer desenvolvimento para o interior do Brasil, a capital não cumpriu ainda essa missão.
(Matéria extraída da Folha de São Paulo)
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