Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O analfabetismo é maior do que os dados oficiais registram

Matéria do JB sobre censo do IBGE mostra que temos 14 milhões de pessoas acima de 15 anos analfabetas, sendo a metade nos estados do Nordeste. "Revela" ainda que melhoramos em relação a 1999. Como professor dessa faixa etária, em Campos, estado do Rio, o mais politizado e o segundo mais importante do país em termos econômicos/sociais, afirmo que esses dados são discutíveis. Como não existo para fazer valer, pelo menos, minha opinião, de nada vai adiantar minhas considerações.

Mesmo assim, creio ser importante refletir sobre o que é "analfabetismo", principalmente hoje, neste início de século XXI. o número de não alfabetizados pode ser pequeno (?), se considerarmos o conhecimento superficial de alguns signos linguísticos (o alfabeto); mas se considerarmos que a cada dia se exige mais informação e conhecimento para que um humano sobreviva nas cidades ou se relacione com as cidades, o "analfabetismo" chega a um percentual bem maior que o detectado pelo IBGE.

Mais ainda: se considerarmos que passamos do estágio puramente animal para o humano há milhares de anos e que usamos a linguagem articulada também há milhares de anos (tempos diferentes para regiões diferentes, obviamente), a falta de raciocínio lógico atinge números que assutam, ou seja, a maioria da população. O que o governo brasileiro está fazendo há um bom tempo (desde Sarney) é permitir a abertura de cursos, inclusive universitários, buscando unicamente "diplomar". No caso do secundário, é uma aberração: tudo é feito para diplomar. O que interessa é aumentar o número de pessoas, no país, que têm diploma. Daqui a pouco, estaremos, no papel, no mesmo patamar dos países desenvolvidos.

Ou seja, somos um país de analfabetos porque o sistema quer assim. E os números não representam a realidade, até porque o que parece importar é o papel. Se o sujeito tem o diploma secundário, não importa se ele não sabe construir um parágrafo com nexo. As escolas não reprovam, até porque isso parece não importar. E os alunos agtradecem...   

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